EZLN (Exército Zapatista de Libertação Nacional)
EZLN (Exército Zapatista de Libertação Nacional)
Fonte: URI
Piantino (Membro do URI)
As lutas armadas na América Latina sempre estiveram presentes na história política e social, principalmente em países que sofreram ou sofrem com o controle indireto dos EUA.
E um país sempre se destacou neste meio, o México, que sempre foi o “quintal” dos EUA, devido à sua posição geográfica, sempre foi palco de intervenções por parte dos EUA. Um grupo que surgiu em 1969 queria por fim a este imperialismo e criar uma sociedade mais justa, assim nasceu a EZLN, que em espanhol significa Ejército Zapatista de Liberación Nacional.
O EZLN nasceu com o nome de Força de Libertação Nacional, ou FLN, no norte do país, porém firmaram suas zonas de operação nos estados de Veracruz, Puebla, Tabasco, Nuevo León e Chiapas. Em 1974 ocorreu um confronto entre os Rebeldes e o Exército Federal, este comandado pelo então General Acosta Chaparro, alguns rebeldes perderam a vida no confronto, e outros foram presos e torturados.
Como consequência, a FLN perdeu sua capacidade de operação, levando-a a sua desestruturação até a década de 80, quando alguns de seus idealizadores decidiram fundar a EZLN, formada por indígenas e mestiços, declarando sua criação oficial no dia 17 de novembro de 1983.
Líder Marcos, porta voz do EZLN.
Porém, o EZLN ficou famoso mundialmente no dia 1º de Janeiro de 1994, quando um grupo armado de indígenas atacou e empossou várias regiões ao sul do México, entre elas o estado de Chiapas, causando uma crise que estagnou o governo daquele país, no mesmo dia em que entrava em vigor o Tratado de Livre Comércio da América do Norte (o NAFTA).
Como muitos outros grupos guerrilheiros, o EZLN é considerado pelos EUA um grupo terrorista, na mesma linha das FARC, acusando-os de várias coisas, como o uso de meninos soldados, prática usada por vários exércitos guerrilheiros na África e Ásia. Porém, o EZLN tem denúncias contra o governo mexicano por fazer um ataque surpresa contra índios Tzotziles dentro de uma capela, resultando em 45 mortos, no dia 22 de Dezembro de 1997.
Em março de 1999 foi realizada uma “consulta nacional” sobre direitos e culturas indígenas, patrocinada pelos zapatistas, mas uma resposta política veio somente em junho. Ela ocorreu quando o governador de Guanajuato manifestou em uma entrevista que “ele pede diálogo com o ‘subcomandante Marcos’ para falar sobre o futuro do país e chegar a um acordo”.
Conferência em La Realidad, Março de 1999.
Em agosto do mesmo ano foi reiniciado o combate armado entre os rebeldes e os soldados do Exército Federal em Chiapas. Ambos se acusavam mutuamente de haver iniciado as hostilidades. Nove soldados foram feridos. Entretanto, trata-se de um caso isolado. Pouco depois, o governo libertou presos zapatistas em Chiapas, como um sinal de que pretendia reiniciar o diálogo.
No início do ano de 2001, o “subcomandante insurgente Marcos” anunciou a criação do Centro de Informação Zapatista, mediante o qual seriam trocadas informações sobre a viagem dos guerrilheiros ao Distrito Federal e se articulariam mobilizações para exigir o cumprimento das condições que o EZLN colocou para o diálogo.
O presidente Vicente Fox, em 9 de janeiro, solicitou ao Exército Zapatista de Libertação Nacional que estabelecesse diálogo com o governo federal para alcançar a paz em Chiapas. Entretanto, o EZLN insistiu que não voltaria às negociações de paz com o Governo enquanto não fossem encerradas as sete posições militares solicitadas. Enquanto isso, o Exército Federal se retirou da comunidade de Cuxujal, município de Ocosingo, e os indígenas, bases de apoio do EZLN, manifestaram-se “contentes e descontentes” por esta saída. Em 2005. o EZLN emitiu a Sexta Declaração da Selva Lacandona e anunciou que deixaria as armas e faria política.
Entre 5 de agosto e 18 de setembro de 2005, o EZLN participou de reuniões com organizações políticas de esquerda, organizações indígenas e povos índios, organizações sociais e ONGs, organizações e grupos culturais e de artistas, e com mulheres, homens, anciãos e crianças que a título individual, familiar, de comunidade, rua, bairro ou vizinhança haviam assinado a Sexta Declaración de la Selva Lacandona. Em tais reuniões, sendo a mais numerosa a de organizações e grupos artísticos e culturais, foram abordados seis pontos que serviram para guiar as reflexões e as discussões: ratificação, ampliação ou modificação das características da “Outra Campanha”, definição de quem está convocado e quem não está, a estrutura organizacional dessa campanha, o lugar especial da população participante (indígenas, mulheres, jovens, crianças e outros), e a posição da “Outra Campanha” frente a outros esforços organizacionais e tarefas imediatas.
Placa informando que a zona está sob controle dos Rebeldes.
Portanto, o único propósito mostrado pelos líderes do EZLN é trazer a ordem e o socialismo para conduzir junto a esse uma sociedade mais igualitária, porém, acusações de ligações com o terrorismo colocam-no em uma lista abarrotada de guerrilhas socialistas sul-americanas também consideradas terroristas, pois obviamente os EUA não querem o socalismo rondando sua vizinhança, pois seria uma “ameaça a ordem e a democracia”, mas acho que deveríam completar a frase com “... e ao consumismo e ao capitalismo”. Mas infelizmente isto nunca fica à mostra, levando as pessoas a acreditarem que estes grupos armados querem trazer o mal e a desgraça para as Américas.