Só ser
Marina Pereira Diniz
Já escrevi sobre isso antes. Não sei se consegui explicar exatamente como é a sensação. Eu a denominei de “vazio”. Porque é o que é.
A sensação é diferente. Começa com uma nuvem em cima da sua cabeça, e você não repara, porque ela pode sumir com um piscar de olhos... Mas ela fica lá. Você chega a um ponto que somente falando mentalmente você pensa, pois não há memórias. Não há memórias, e não há nada.
Você não se sente feliz, corajoso, triste ou com raiva. O vazio não é nada disso. E ele te empurra para baixo, mas não há forças para levantar, porque simplesmente você não quer. É um lindo beco sem saída.
É como a sensação de quando você levanta rápido demais e fica meio tonto. Você anda sem sentir nada, quase desnorteado.
E o vazio não te deixa saída, não te deixa voltar. Como quando você é pequeno e sua mãe te deixa de castigo em um canto.
Você mergulha em sua própria imensidão, ao mesmo tempo que você não consegue alcançá-la. Você sabe ao mesmo tempo que não sabe do que é capaz. Você está triste ao mesmo tempo que não está. Você pensa ao mesmo tempo que não pensa. Você esquece de respirar. Você simplesmente é.
O vazio é o infinito. É completo. E não é nada.